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Ocupar espaços e realizar sonhos: “Ser surdo não é impedimento”

Pessoas surdas rompem barreiras e acessam formação em Gastronomia

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Professor Luiz de França, ex-aluno Ednarlen Silva e intérprete Ryan Lima | Foto: Izakeline Ribeiro

Promover o acesso à educação na área da Gastronomia é fundamental quando pensamos em incluir a comunidade surda ao mundo ouvinte. A acessibilidade é uma questão de direito e na Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco (EGSIDB) o processo de inclusão acontece dentro da cozinha, a melhor sala de aula para os futuros profissionais.

Com uma turma mista, com alunos surdos e ouvintes, as aulas são acompanhadas por um intérprete, facilitando a comunicação e o aprendizado no ambiente de ensino. Francisco Sandro, 49 anos, aluno do curso profissionalizante de Cozinha Básica, comenta que ter o intérprete facilita bastante a acessibilidade e entendimento dos conceitos.

“Ter o intérprete facilita também o aprendizado. É muito importante ter o intérprete porque a gente lê palavras e não entende o significado delas. O intérprete vai e explica para gente e fica mais fácil entender o conceito. Por exemplo, o pastoso e o cremoso é muito difícil entender o que significa. E quando o intérprete vem e explica o conceito de cada coisa é mais fácil de ter esse entendimento da receita”, afirma.

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Sandro revela ainda sobre seu desejo em ser chef e passar o conhecimento para outras pessoas surdas: “anseio muito ser um chef, poder ensinar surdos para que eles possam ter o mesmo nível de conhecimento. Também gostaria de ensinar crianças para que elas possam se desenvolver, porque aqui no Brasil não tem esse foco em graduação em Gastronomia para surdos.” Já Ednarlen Silva, 25 anos, também do curso profissionalizante de Cozinha, ao pensar no futuro, comenta que pretende empreender ao finalizar as aulas, continuando na área da Gastronomia.

O aluno Ednarlen é eletricista, mas teve curiosidade pela culinária por sentir falta da comida de sua avó. “Quando ela faleceu, eu tive muita curiosidade de aprender a cozinhar e eu vi que aqui tinha uma oportunidade. E eu vim, tive essa experiência e hoje estou aprendendo”, disse. Nesse sentido, a Escola se apresenta como um espaço de entrada para o mundo da Gastronomia, trabalhando para que haja um cenário onde todos possam alcançar seus sonhos na área.

Oferecer formações e impulsionar carreiras, pautada na inclusão social e bem-estar dos beneficiários é o propósito, derrubando barreiras que impedem a oferta de educação com qualidade para a comunidade surda. Sobre a acessibilidade do ensino na Escola, Ednarlen afirma que é importante para não pensarem que ser surdo é um impedimento. “A gente tem capacidade de fazer isso também”, ele reforça.

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