Escola de Gastronomia Social abre processo seletivo para bolsas de incentivo à pesquisa em cultura alimentar
Inscrições de projetos relacionados com os temas da cultura alimentar e gastronomia poderão ser realizadas até 5 de junho no Mapa Cultural do Ceará
A Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco (EGSIDB), equipamento da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult) gerida pelo Instituto Dragão do Mar (IDM), lançou o edital de seleção de três projetos para a 7ª edição do Laboratório de Criação em Cultura Alimentar e Gastronomia. As inscrições são gratuitas e poderão ser realizadas até o dia 5 de junho, no Mapa Cultural do Ceará.
Os interessados devem ter idade mínima de 18 anos, residência comprovada no estado do Ceará por no mínimo três anos e cadastro válido no Mapa Cultural do Ceará. Vale destacar, que serão priorizados para seleção, candidatos que integrem e/ou representem coletivos, comunidades, associações, cooperativas e grupos, formais ou informais, vinculados às áreas de Cultura Alimentar e Gastronomia Social e áreas afins, que tenham potencial de dividir, difundir e levar à implementação dos resultados das pesquisas desenvolvidas.
Selene Penaforte, superintendente da EGSIDB, destaca o papel do equipamento de colaborar com a solução de desafios e encontrar oportunidades. “Queremos apoiar iniciativas que promovam inovação e projeção da cultura cearense, de modo a fomentar o debate crítico sobre história, costumes, valores, hábitos alimentares, mercado, tecnologias, técnicas e tendências”, afirma.
O Laboratório de Criação tem a missão de contribuir com demandas que valorizam e utilizam saberes, ofícios e produtos da biodiversidade da cultura alimentar cearense. É o espaço de pesquisa, desenvolvimento e inovação, que tem o objetivo de criar e qualificar produtos alimentícios e seus processos de produção; desenvolver e aprimorar tecnologias sociais, metodologias e registros que fortaleçam o desenvolvimento local.
A pesquisa sobre a cultura alimentar objetiva destacar pessoas e saberes que fazem a cadeia de produção do alimento, a soberania alimentar de povos tradicionais (indígenas, quilombolas, ribeirinhos, extrativistas), a economia do mar e do mangue, a economia criativa, o empreendedorismo de pequenos produtores, a agricultura familiar, a agroecologia, entre outras áreas e temáticas que possam fortalecer a cultura alimentar e a gastronomia cearense.
De acordo com Vanessa Moreira, coordenadora de Cultura Alimentar da EGSIDB, o programa possui o propósito de criar ou qualificar produtos alimentícios, utensílios, processos de produção, tecnologias sociais, metodologias, estratégias de valorização de produtos e serviços, e registros que fortaleçam o desenvolvimento local.
“Os impactos socioculturais acontecem quando a gente consegue de fato intervir nos processos de produção de pequenos empreendedores. Contribuir com os processos de produção, elaborando tecnologias ou criação de processos para novos produtos, pensando processos de inovação, é uma forma dos pequenos produtores competirem no mercado e gerarem iniciativas de empreendedorismo social. Pensamos nas análises laboratoriais, as rotulagens, embalagem, identidade visual da marca e isso tudo são possibilidades de criar estratégias de valorização de produtos, fomentando o desenvolvimento local”, comenta Vanessa Moreira.
O processo seletivo conta com duas etapas, compreendendo análise de documentação enviada e entrevista. Demais informações sobre o processo de seleção deverão ser consultadas no edital.
Pesquisas desenvolvidas em 2023
Sorvete Farinhada, feito com uma base inovadora de mandioca, com crocante de farinha doce de rapadura, coco e manteiga de garrafa
Joélho Caetano, jovem quilombola da comunidade de Conceição dos Caetanos, buscou valorizar a identidade cultural da região através da cultura alimentar e da gastronomia. A comunidade Conceição dos Caetanos, situada em Tururu, a 119 quilômetros de Fortaleza, é um território remanescente de quilombo que constrói e preserva sua identidade por meio de narrativas e da memória transmitida pelos mais antigos. Dona Bibiu, a matriarca da comunidade e avó de Joélho, é a principal guardiã dessas memórias, reverberando o legado de Caetano José da Costa, o fundador.
O foco da pesquisa foi o estudo e o registro da cultura alimentar do território e a criação de um sorvete que representasse a comunidade. Inspirado pela forte presença da agricultura familiar, notadamente nas farinhadas tradicionais, Joélho desenvolveu um produto que incorporasse os sabores e ingredientes locais, o Sorvete Farinhada, feito com uma base inovadora de mandioca, com crocante de farinha doce de rapadura, coco e manteiga de garrafa.
O Mar está para peixe – um pescado de qualidade no Serviluz
Potencializar a cultura da pesca no bairro Serviluz, em Fortaleza, através do protagonismo dos pescadores da região e de suas famílias, compartilhando conhecimentos e evidenciando as comunidades pesqueiras no processo de desenvolvimento comunitário, foi o objetivo principal de Anailton Fernandes nesta edição do Laboratório de Criação.
O projeto buscou ser um espaço para apoio das atividades de pesca, elencando as principais necessidades e planejando melhores infraestruturas de apoio e difusão dos saberes tradicionais dos pescadores. O trabalho se concretizou nos seguintes produtos: cartilha “A qualidade do pescado do Serviluz”; embalagem e rótulo de filé de guarajuba, pescado artesanalmente no Serviluz; curso de aperfeiçoamento da despesca; qualificação de uma unidade pesqueira no território. Ao compartilhar conhecimentos, a pesquisa fortalece as comunidades pesqueiras e, consequentemente, envolve outras famílias da localidade nesse processo de desenvolvimento coletivo.
Mapa da Cultura Alimentar do Ceará
Thiago Tavares desenvolveu um mapa digital sobre a cultura alimentar do Ceará, ampliando a compreensão sobre a riqueza e a diversidade gastronômica em todo o Estado. O trabalho buscou oferecer uma representação mais completa e inclusiva das tradições alimentares locais. Com o objetivo de salvaguardar, documentar e promover a cultura alimentar do Ceará, o mapa interativo destaca agentes preservadores, pratos característicos, produtos locais e eventos gastronômicos, proporcionando uma imersão completa na diversidade gastronômica. O projeto também se compromete a registrar detalhadamente os lugares e celebrações, destacando a significativa importância cultural que eles desempenham na gastronomia da região.
Sobre a Escola – Equipamento da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), a Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco (EGSIDB) é gerida pelo Instituto Dragão do Mar (IDM) e faz parte do Cultura em Rede, programa da Secult Ceará que integra ações e políticas culturais na sua rede de equipamentos públicos. O centro de formação, inaugurado em 2018 no bairro Cais do Porto, é um espaço formativo que associa ensino, pesquisa e compromisso social, reconhecendo a riqueza da forma de se alimentar do cearense, os diversos tipos de saberes, a cadeia de produção, promovendo a inovação de produtos, incentivando o empreendedorismo social, qualificando para o mercado de trabalho e contribuindo para o combate à fome, por meio de cursos de longa e curta duração, que acontecem dentro da Escola e em comunidades pelo Ceará. Toda a programação é gratuita. O nome da Escola é uma referência ao empresário Ivens Dias Branco (em memória), do grupo M. Dias Branco, que financiou a sede doada para o Governo do Ceará, em uma parceria público-privada.
SERVIÇO – Seleção para o 7º Laboratório de Criação da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco
Período de inscrições: 6 de maio a 5 de junho de 2024
Inscrições gratuitas no Mapa Cultural do Ceará – https://mapacultural.secult.ce.gov.br
Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco: Rua Manuel Dias Branco, 80 – Cais do Porto (Mucuripe), Fortaleza – Ceará. Mais informações pelo telefone: (85) 98439-4964 ou pelo e-mail: cultura.alimentar.egsidb@idm.org.br. Segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h. Site: www.gastronomiasocial.org.br | Redes sociais: @escolagastronomiasocial.