Engenho Nogueira

Não há como falar de Viçosa do Ceará e não falar de cachaça, a história da cidade se entrelaça com a de produção do destilado, que sempre esteve presente no dia a dia das famílias do lugar. Hoje Viçosa é conhecida como a capital cearense da Cachaça e as cachaças de Viçosa já ganharam prêmios nacionais e internacionais.

O engenho da família Nogueira, onde se produz a cachaça de mesmo nome, funciona desde 1892, são 132 anos de história de produção de cachaça artesanal.

Por volta de 1700 já se produzia cachaça para consumo próprio e para confraternizar entre os amigos, desde essa época os rejeitos da cachaça já eram utilizados para alimentação do gado e como forma de renda. A produção de cachaça também era sinônimo de status social elevado, porque quem produzia cachaça tinha uma alta renda com o produto.

O primeiro dono do Engenho Nogueira, Capitão Antônio Bertoldo foi criado em meio a um dos primeiros engenhos de Viçosa, onde morava com sua mãe Joana dos Santos, o engenho do Capitão Chico Eugênio no Lambedouro. Em 1892, ele começa a produzir a cachaça para obter alimentação para o gado, o que era bem comum na região, a pecuária aliada a produção de cachaça.

Em 2004, se formou a primeira associação dos produtores de cachaça artesanal do Ceará, sediada em Viçosa, foi-se então em busca de conhecimentos de produção de outros estados como Minas e Paraíba, aliando isso ao saber fazer já tradicional da cidade.

Hoje existem cerca de 80 engenhos em Viçosa, quando se fala de engenhos com registro e adequação às normas de produção se reduz bastante esse número, caindo para 25 produtores. Alguns estão na APCVIC- Associação dos Amigos produtores de Cachaça de Viçosa do Ceará e outros assessorados no projeto ATEG (Assistência Técnica e Gerencial)- SENAC/Prefeitura de Viçosa.

Na produção do Engenho Nogueira, de agosto a janeiro, toda a família se envolve, além de dez outras famílias da região do Vale do Lambedouro. São cerca de 7 a 10 mil litros de cachaça produzidos a cada ano.

A cachaça Nogueira tem as características próprias do Vale do Lambedouro e é feita com fermento caipira, de fubá ou de farinha, como se faz tradicionalmente em Viçosa. É envelhecida em seis tipos de madeira sendo elas Bálsamo, Aroeira, Amburana, Pau D’arco, Sabiá, que só é utilizado em Viçosa, além do Carvalho Europeu. Em breve lançarão a cachaça envelhecida em Jaqueira. A cachaça fica envelhecendo no mínimo um ano para ir para a venda. Também vendem a cachaça prata, licores e bebidas mistas.

Sobre a produção nos foi explicado: De 200 litros de caldo de cana, só se utilizam de 20 a 30 litros para comercialização, o que resulta em uma cachaça nobre, mais equilibrada e sem poluentes. Isso acontece porque durante a produção o líquido é separado em coração, cabeça e calda e só é comercializado o coração. A cabeça por ter alta concentração alcoólica, álcoois superiores, aldeídos e esteres, é utilizada para desinfecção de objetos. Já a cauda é utilizada como fertilizante na agricultura.

O Engenho Nogueira está aberto a visitação. Na visita guiada é contada a história da casa, da família e da produção de cachaça naquele espaço. A depender do período do ano a pessoa visitará a produção ou as instalações, ao final é feita a degustação na loja. O tour pode ser feito de sexta a domingo, de 10h às 17h, não há necessidade de agendamento prévio e custa 12 reais. No lugar também é possível almoçar pratos da comida sertaneja, contudo as refeições são por demanda e devem ser previamente pedidas, para que haja tempo hábil para o preparo. A comida é feita no fogão a lenha e os visitantes podem aproveitar da comida sertaneja produzida com insumos da própria fazenda ou das proximidades, na ocasião da entrevista havia as opções de porco assado, galinha caipira e assado de panela no menu fixo.