Sobre
O Aconchego nasceu onde nasceu Fortaleza: no Centro, mais precisamente em um prédio histórico, tombado, onde hoje funciona o Museu da Indústria. Em meados de 2021, eu, Karol Teodoro, recebi o convite para ocupar o espaço, com a finalidade de oferecer a conveniência de alimentação para quem visita a região histórica do Centro. Hoje, quase 3 anos depois, o Aconchego é reconhecido como uma das principais experiências gastronômicas da cidade, através de um menu autoral, que retrata a culinária cearense dos tempos atuais.
Quais os materiais do seu ofício?
O restaurante tem sua linha própria de produção. Destacamos como principais, a mixologia e linha autoral de bebidas, na cozinha preparos a base de caranguejo e carne do sol.
Quais os produtos do seu ofício?
Insumos locais e sazonais, como caju, queijos cearenses, carnes curadas, pescados, etc
Há alguma produção em escala maior no estabelecimento?
Bebidas, carnes, pescados, massas
Você vende algum produto do estabelecimento em separado, além dos preparos?
Linha autoral de bebidas, linha de confeitaria (bolos)
Por que estar nesse Mapa seria importante?
Estamos basicamente onde Fortaleza, enquanto cidade urbana, começou. Em frente a praça verde mais antiga, na primeira esquina pavimentada da cidade. Esse prédio, que hoje é tombado, é uma das construções mais antigas da cidade: data de 1872, foi construído ainda sob o governo de Dom Pedro II pra ser um clube social. Foi muita coisa já, até que em 2012 foi adiquirido pela FIEC, restaurado e passou a ser o Museu da Indústria, que é esse espaço de acesso gratuito repleto de exposições e programações culturais. Em 2022, aqui nasceu o aconchego, contextualizado como um espaço cultural de gastronomia contemporânea cearense, onde oferecemos um serviço gastronômico de qualidade para quem visita o centro, seja cearense ou turista, fomentando a ocupação desses espaços.
Fale sobre a comunidade onde o estabelecimento se insere.
Porque é muito importante que as pessoas conheçam os trabalhos culturais, gastronômicos e autorais cearenses, assim como o fomento da ocupação dos nossos espaços históricos. O centro não e somente um bairro comercial, é turístico, cultural, histórico e gastronômico.
Você acha que a sua comida/criação é importante para a Cultura Alimentar do seu território?
Sim. é muito importante trazer um olhar pro contemporâneo cearense, pra novas criações e receitas, sem perder nossa essência.
Como o estabelecimento se insere na cultura alimentar cearense?
O aconchego traz em sua essência uma gastronomia cearense dos tempos atuais, ou seja, falamos da nossa história, dos nossos insumos e técnicas, em apresentações e combinações criativas e inovadoras.
Quais equipamentos culturais (museu, escola) dialogam com o estabelecimento?
Estamos dentro do Museu da Indústria, em frente ao passeio público, com diversos pontos culturais, turísticos e históricos ao redor, que compõem a experiência e o passeio, como: estação das artes, mercado central, entre outros.
Quais projetos o estabelecimento desenvolve?
O aconchego é coautor do Festival Cais, de fomento ao trabalho autoral de músicos cearenses. Apoiamos o Instituto Pensando Bem através da cozinha comunitária, com o fornecimento de refeições, programas de estágio profissional remunerado para jovens e patrocínio de cursos profissionalizantes na região da Vila Velha.
O estabelecimento desenvolve ações que reforçam a sustentabilidade e a boa relação com o meio ambiente?
Estamos em um prédio histórico, tombado, de arquitetura original. Todos os pisos, paredes, janelas, portas, pedras e estruturas em geral, estão preservadas. Priorizamos materiais naturais para mobiliário, louças e utensílios em geral. Todo o óleo que usamos é recolhido e transformado em sabão. nossos produtos de limpeza e higienização são 100% reabastecidos através de sistemas de refil industrial. Nossas bebidas são adquiridas preferencialmente através de sistema retornável. Priorizamos em toda a cadeia de fornecimento, pequenos produtores, agricultura familiar e produtos de assentamentos. Nossos pescados são frescos e locais, reduzindo a emissão de carbono por deslocamento. Nossos legumes são, preferencialmente, orgânicos. Damos preferência à compra de insumos frescos dentro da cidade de Fortaleza e região metropolitana. Temos autonomia: reduzimos mais da metade de produtos normalmente industrializados fazendo nossas próprias produções: molhos, temperos, doces, bebidas, destilados, massas e até mesmo alguns queijos, são fabricação própria.
Quais as principais datas/eventos do estabelecimento?
Abrimos diariamente para o almoço e brunch, e ocasionalmente abrimos à noite para eventos culturais ou eventos privados
Qual é a história dessa receita/comida/peça/criação?
Várias. Vou destacar a preta graúna. Eu tinha essa bichinha na cabeça há uns 6 meses, já, mas nunca tinha nem visto, nem tentado fazer, nem provado, nem nada. Só arquivei no hd do meu juízo (coragem!) e por pouco, eu não resgatei da nuvem. Foi uma das últimas que eu incrementei ao menu, que a princípio seria de “poucos ajustes” (mais coragem!). Eu cheguei na Bebi e disse só assim: ei Bebi, tu tem coragem de fazer uma galinha a cabidela pra mim amanhã?”. Rapaz, ela deu um pinote: “ô garapa, na hora!”. Eu só não disse pra que era. Ela se empolgou, até foto com a galinha mandou, contando a lenda todinha, que tinha achado esse véi que criava e abatia pra ela. “Ana, é galinha da boa, fresca, e ele arranja mais” (ela só me chama de Ana). Quando eu cheguei, estava lá a melhor galinha a cabidela do mundo. Engraçado como sempre tem gosto de “meninice” (pelo menos pra quem teve infância em interior). Aí, eu aprovei e disse:
– vai, pode drenar e pegar o caldo com sangue e fazer uma massa de coxinha”. Ela botou a mão nos quarto e disse:
– rapaz, essa menina é doida! da onde tu tira isso, menina? bora, passa aqui pra Alyne bolear as coxinha porque eu e tu temo as mão pesada, vai ficar parecendo um guabiru! e o recheio? deu pouco peito. separei a moela pra ti, viu?
– pois volte pra panela, o recheio vai ser a carne toda que é pra aproveitar e pra dar gosto. peito, coxa, moela, coração, tudo. – eu falava batendo os braços no ar, parecia o chico grilo
– e vai ter umas com moela e outras sem, é?
– é! vai ser na sorte e na graça. Quem come galinha a cabidela come miúdo também, né possível!
– é vero!
E acabou não. A gente ficou lá besta olhando pras coxinhas, como elas eram pretas, lindas. Aí a gente empanou e fritou. na farinha “punk”, que nem ela chama.
– Égua bebi, vai dar certo a punk não. acabou a beleza da bichinha, toda pretinha, ficou amarela. eu quero ela preta, igual uma graúna!
– e agora?
aí veio o download matador:
– bebi, jenipapo! Vamo fazer farinha de jenipapo!
– vixe, a galinha tá certo, mas jenipapo eu num me garanto arranjar não.
– o Ricardo arranja!
– Jenipapo, Karolina? – ele segura no meio das duas sobrancelhas franzidas e acha graça, quando eu peço pro administrativo comprar coisas “mais específicas”.
– e tem que ser o verde. pra soltar a tinta. e não pode ser muito pequeno. tem que ser verde e grande
É porque budejar é bom, mas eu sei que ele faz é gostar, porque aí ele que vai pessoalmente atrás e ativa o modo véi da feira dele.
Assim nasceu a preta graúna: trio de coxinhas de galinha a cabidela, empanadas na farinha de pão de jenipapo, com pimenta de rapadura, preta também, lógico.
O mapa é regularmente atualizado e complementado para tornar-se sempre vivo e funcional.